Postado por - Newton Duarte

MGF Abriu o bico

Reproduzimos “in totum” a excelente matéria publicada pelo site Bocão News, produzida pelo repórter Leonardo Santana e fotos de Gilberto Junior nos dias 24 e 27/05/2013

Como sempre, a UTB – União Tricolor Bahia, mantendo os princípios DEMOCRÁTICOS que permeiam seu estatuto, trás o ponto de vista do Presidente Marcelo Guimarães Filho.

Na entrevista, o mandatário do Esporte Clube Bahia, fala de todos os assuntos que vem trazendo tanta aflição à torcida, que ora pede sua “cabeça”, bem como faz a o “Mea culpa. Mea máxima culpa” e defende sua gestão.

Bocão News: Qual motivo para este péssimo primeiro semestre do Bahia?

Marcelo Guimarães Filho: Acho que a gente errou no futebol, não conseguiu ter o alcance da mudança que precisávamos fazer no departamento de futebol e algumas peças tiveram uma fadiga. Basicamente foi isso que aconteceu, por isso que tivemos essa campanha pífia no Campeonato do Nordeste, campanha ruim no Campeonato Baiano e a desclassificação na Copa do Brasil.

BNews: Por que Willian, que foi recepcionado pela equipe do Bocão News no aeroporto na terça-feira (21), ainda não foi anunciando oficialmente?

MGF: Existem alguns detalhes do contrato. Willian também preferiu que a gente assinasse o contrato, ainda há pouco tive uma reunião com os advogados e selamos todos os detalhes. O nosso corpo jurídico também estava viajando esta semana e isso atrapalhou um pouquinho, mas acredito que até o jogo contra o Criciúma façamos este anúncio.

BNews: Qual vai ser a função de Willian no Bahia?

MGF: Vai ser o superintendente. Nesta mudança que fizemos no departamento de futebol, não mudamos apenas as pessoas, mudamos também a estrutura do departamento. Criamos a figura do superintendente que será o Willian e o diretor de futebol que é o Anderson Barros. Com isso não concentramos tanto poder em uma pessoa só, as decisões vão ser tomadas por três pessoas, porque o presidente também vai estar nessa questão. A diferença básica entre as funções, é que, o superintendente é um cargo mais estratégico, vai pensar o planejamento do clube também em longo prazo e o diretor vai ser um cargo mais operacional, vai cuidar do dia-a-dia com os jogadores, treinador, com relação a treinamento e viagens.

BNews: Concentrar o poder na mão de Paulo Angioni todo este tempo foi um erro?

MGF: Quando uma pessoa passa muito tempo num clube ou em qualquer empresa naturalmente vai se acomodando. Esse é um dos fatores sim, é meu estilo delegar funções e delegamos não só no departamento de futebol, diretores, mas nas outras áreas também, mas eu acho que este foi um dos fatores. Não foi o principal, não o único, mas foi um dos fatores que deve ter nos prejudicado.

BNews: Houve uma reunião entre Willian e Anderson Barros que vetou a contratação de Jorge Henrique, atacante do Corinthians?

MGF: Não, inclusive ontem o Willian teve de voltar pra São Paulo, então ele não estava nem aqui. Estamos conversando por telefone, mas não teve reunião e também não teve nenhum veto a Jorge Henrique. Pelo contrário estamos trabalhando muito para que consigamos trazê-lo. É real a negociação com Jorge Henrique, ele é um dos jogadores, dentre uma série de outros que queremos trazer.

BNews: Quais jogadores o Bahia está negociando para contratar?

MGF: Jorge Henrique e Douglas (ambos do Corinthians), Andrezinho (Botafogo), Wallyson (Cruzeiro), Neto Berola e Serginho (Atlético-MG). Estamos negociando com estes. Valdívia não interessa e Cavenaghi não nos foi oferecido. Estamos focando no Jorge Henrique, a nossa principal negociação é essa, mas estes outros também estão correndo por fora.

BNews: Tem algum prazo para essas contratações chegarem ao Bahia?

MGF: Não quero dar prazo pra não ser pego pela palavra, mas o prazo é pra ontem. A gente está correndo pra ontem, mas infelizmente já é difícil contratar em janeiro, no meio do ano é mais difícil ainda, por conta dos problemas financeiros que temos que enfrentar. No meio do ano os jogadores que se encaixaram desde janeiro não saem e é mais difícil. Espero ter uma definição de algum jogador ainda até antes do jogo contra o Criciúma, pelo menos um ou dois jogadores e Jorge Henrique é um deles, é a prioridade.

BNews: Antes do primeiro BaVi da final você chegou a afirmar que o Bahia tinha um time melhor que o Vitória, continua com essa opinião?

MGF: Depois de ter tomado 5 a 1 eu falei isso, não vou dizer que nosso time é melhor, mas acredito no nosso time, acho que tem condições de ser melhor do que o Vitória. O que aconteceu nas duas goleadas mostrou que não só o aspecto técnico, mas também os aspectos psicológicos pesaram muito. O fato é que não deu certo esse time no primeiro semestre, reconheço o erro que cometemos. Mas é página virada, o importante é que reconhecemos que erramos e agora vamos tentar remontar o time para o Campeonato Brasileiro.

Bnews: Esta semana saiu uma pesquisa em que aponta que o elenco do Vitória vale quase o dobro do elenco do Bahia. O que você pensa a respeito?

MGF: Reflete o momento, quando o time está bem os jogadores são valorizados. Quando o time está mal, como foi o caso do Bahia, o elenco se desvaloriza.

Bnews: A contratação de Joel Santana, mesmo com a rejeição da torcida, foi um erro?

MGF: Acho que sim, não pela pessoa, nem pelo técnico Joel. Joel é um amigo, mas não deu certo e se não deu certo foi um erro. Naquele momento acreditamos que Joel daria solução para o que a gente esperava que era a união do grupo, esse foi o fator principal para sua contratação. Não deu certo, foi um erro e hoje eu não teria trazido.

BNews: Qual o objetivo do Bahia na Série A do Campeonato Brasileiro?

MGF: Primeiro queremos quebrar essa regra que todo clube do Nordeste não conseguiu, desde os pontos corridos, ficar mais de três anos na Série A e eu tenho confiança que vamos quebrar essa escrita este ano. Mas o Bahia quando começa a Série A, o importante é fazer uma campanha a altura do nosso clube, nós somos bi campeões brasileiros, então o Bahia tem que pensar sempre alto, pensar sempre em ser campeão. Não vou prometer a torcida que seremos campeões por causa de todas as dificuldades que já enfrentamos até aqui, mas acredito no trabalho que estamos fazendo, na reformulação que foi feita no futebol, na chegada do Cristóvão, dos jogadores que pretendemos contratar pra fazer uma campanha à altura do Bahia. A ideia é chegar o mais longe possível e fazer uma campanha diferente desses dois anos em que brigamos na parte debaixo da tabela.

BNews: Quantos jogadores o Bahia vai precisar contratar para reformular o elenco? Haverá dispensas?

MGF: Acredito que cinco a seis jogadores no mínimo. Vão haver dispensas, mas a partir da chegada do Cristóvão e do novo departamento de futebol, a ideia agora é critério técnico.

BNews: Qual o motivo da dispensa do atacante Adriano ‘Michael Jackson’, já que o mesmo afirmou que não sabe o por que de ter sido afastado?

MGF: Foi uma decisão interna, prefiro não polemizar. É um atleta do clube, tem contrato, mas decidimos que é melhor para ele e para o clube e é vida que segue.

BNews: Freddy Adu, que chegou a criticar o treinador Joel Santana esta semana chamando-o de retranqueiro, deve ser mais utilizado?

MGF: Acho que o Adu precisa ser testado. Ele não foi testado a ponto de dizer se deve continuar ou não no clube. O Adu tem que ter mais oportunidades, pelo o que tenho visto e conversado com o Cristóvão ele vai ser mais utilizado.

BNews: Por falar em Adu, o marketing ainda não fez nenhuma ação com o jogador. Qual a sua opinião sobre o caso?

MGF: Era uma estratégia nossa não fazer nada aguardando o desempenho dele em campo, para também não criarmos uma expectativa maior do que o necessário com relação ao desempenho dele em campo. Mas ele indo bem, já temos algumas coisas preparadas. Se ele for bem, se firmar em campo, vamos soltar algumas campanhas que já temos prontas para ele.

BNews: Quais as ações de marketing foram feitas este ano? Acha que o setor deve ser reformulado?

MGF: O marketing avançou em algumas coisas que o torcedor não tem conhecimento, não enxerga de cara, mas concordo com o torcedor que precisamos reformular. Já estamos fazendo um plano de reestruturação, que já está sendo montado. Nos clubes do Nordeste é muito importante que a gente tenha um marketing atuante para que consigamos diminuir a distância financeira que temos para outros clubes.

BNews: No início do ano, foi anunciado que o Bahia só faria contratações pontuais. Dezessete contratações depois, você acha que houve uma política de contratações errada?

MGF: Houve erros, não avaliamos com exatidão o perfil dos jogadores que vieram e o fato é que erramos. A ideia era contratar de sete a oito jogadores pra reforçar o time e acabamos contratando mais de quinze. Isso mostra claramente um erro.

BNews: O setor DADE, que observa e avalia atletas, foi o responsável pela contratação de Potita e Thuram, por exemplo?

MGF: O nível de informações que temos no DADE, o Cristóvão, por exemplo, elogiou. Não são todos os clubes do Brasil que têm isso. Chegaram novas pessoas para o departamento. É importante que tenhamos esse departamento, se ele não está sendo eficiente, temos que trocar as pessoas para que aconteça. É importante o DADE, não deve acabar, deve ser aprimorado.

BNews: Os garotos da base estão sendo mal aproveitados no elenco profissional?

MGF: Acredito que não, acho que temos que trabalhar para que sejam melhor aproveitados, mas não acho que sejam mal aproveitados. O Corinthians, por exemplo, é o campeão mundial e não tem nenhum jogador da divisão de base jogando no time. É uma questão política de cada clube. Como o Bahia é um clube formador temos que trabalhar isso. Já estou satisfeito com a postura do Cristóvão que já está dando oportunidade aos garotos. Temos que trabalhar para que isso aconteça buscando sempre o equilíbrio de formar um time vencedor com os garotos da base.

BNews: O que você acha da utilização de Omar como titular e todo esta problemática em relação à Marcelo Lomba?

MGF: O Omar é um grande goleiro e tem que buscar seu espaço, é legítimo. O Cristóvão está tendo uma boa disputa em relação a isso. O Lomba está passando uma fase ruim com torcedor e ele tem que trabalhar muito pra recuperar isso. O Cristóvão entende que o Lomba tem condição de recuperar a titularidade e está avaliando esta situação. Cabe ao técnico essa decisão.

BNews: Foi um acerto manter a base de jogadores que lutou dois anos para não cair da primeira divisão?

MGF: Foi bom manter a base, mas precisávamos mais. Essa base foi suficiente pra que estivéssemos na Série A, mas o Bahia precisa chegar mais longe e não disputar o campeonato de maneira muito difícil, é por isso que fizemos toda essa reestruturação no departamento de futebol e agora no elenco. Muita gente vai sair, muitas caras novas devem chegar e vão dar um novo jeito de jogar ao Bahia. Haverá mudanças para que melhore essa base que foi campeã baiana ano passado, mas que o torcedor do Bahia quer mais e nós queremos também.

BNews: Em relação à lista de dispensas feita pelos torcedores (Titi, Danny Morais, Souza, Lomba, Zé Roberto...), você concorda?

MGF: O torcedor tem sempre razão, o time não foi bem e o torcedor tem todo o direito de fazer suas críticas. Destes jogadores, o Zé Roberto já conversamos com os empresários e com o jogador pra buscarmos uma melhor solução para o atleta e para o clube. Com o Cristóvão estamos analisando a situação dos outros e a análise será técnica, o técnico e o departamento de futebol vão participar disso, mas qualquer um pode sair, não tem nenhum que seja inegociável, mas podem continuar também. Vai depender da decisão do Cristóvão e do departamento de futebol.

Bocão News: O cargo de deputado federal atrapalha o seu trabalho como presidente do Bahia?

Marcelo Guimarães Filho: Não vou dizer que atrapalha, mas a gente precisa trabalhar mais, o trabalho fica curto realmente pra se dividir em duas atividades. Tenho trabalhado muito mais agora, porque tenho que dividir a atenção com a Câmara Federal com o Bahia.

BNews: O que pensa a respeito do movimento Bahia da Torcida e a da participação de políticos na campanha?

MGF: Certamente tem gente no movimento que busca uma melhora para o clube, que realmente é bem intencionado com relação ao futuro da instituição, mas óbvio que tem gente nesse movimento que quer explorar politicamente essa situação ruim que o Bahia passa em campo. Cabe ao torcedor e a vocês da imprensa mostrarem, e o torcedor fazer a leitura correta, de quem é que quer realmente ajudar o Bahia, que está bem intencionado neste sentido e quem quer tirar proveito político eleitoral dessa questão.

BNews:O que pensa a respeito do movimento Bahia da Torcida?

MGF: Os torcedores e as pessoas que estão ali, bem intencionadas com relação à melhora da instituição, com relação ao voto para presidência, maior transparência, com relação a maior democracia do clube, isso é legítimo, faz parte. A grandeza do Bahia permite isso e não serei a pessoa que vai bloquear esse discurso, pelo contrário, fizemos uma reforma em janeiro, mas podemos avançar mais, coisa que podemos discutir, que devem ser colocadas pelo próprio torcedor. O torcedor este ano, desde janeiro, já pode votar pra presidente com 12 meses de filiação, foi uma mudança que fizemos, pra ser votado com 24 meses. Para se ter ideia, no Corinthians são 5 anos de sócio para votar e ser votado, no Grêmio pra ser candidato à presidente precisa ter 10 anos de sócio. Temos um prazo muito menor do que estes dois, por exemplo, que têm eleição com sócio votando para presidente. Mas outras coisas podem ser discutidas, como o fim da reeleição, a eleição do conselho. O filtro do conselho, em vez de dois candidatos, saiam mais candidatos para que o sócio possa votar pra presidente depois da eleição do Conselho. Tudo isso estou aberto, não tem nenhum problema com relação a isso, e se for o caso, de não conseguirmos um consenso, não houver diálogo com a oposição, pretendo fazer isso novamente, se é um anseio da torcida, vamos fazer esse ano e mudar.

BNews: Então você pretende implantar o sistema de eleições diretas no Bahia ainda este ano?

MGF: Pretendo implantar o modelo diferente ainda do que a gente já implantou. Tenho percebido que é o desejo da torcida, se não conseguirmos um acordo com as pessoas que fazem oposição para que a gente possa avançar num consenso, independente da vontade delas, a gente vai fazer. Vamos avançar mais ainda e discutir todos estes pontos e mudar mais ainda o estatuto abrindo mais o clube para que o torcedor possa votar.

BNews:O movimento pede sua renúncia, existe essa possibilidade?

MGF: Não, chance zero. Não tem a menor chance de renunciar. Não tem a menor chance de não terminar o meu mandato. Fui eleito pra um mandato de três anos dentro das regras estabelecidas no clube e não aceito não terminar o meu mandato e não renunciar. O que vou fazer independente de ter um acordo ou não com as pessoas que fazem oposição é abrir ainda mais o clube, discutir outros assuntos, por exemplo, a não reeleição para presidente. Podemos incluir uma cláusula que permita apenas uma reeleição para que a gente possa ter uma alternância de poder e outras coisas mais que possamos flexibilizar. Mas renunciar ou diminuir o meu mandato, não tem chance disso acontecer.

BNews: O que você pensa em relação ao Conselho Deliberativo, que é alvo de muitas críticas por parte da torcida. Pensa em uma reformulação?

MGF: Dissolver o Conselho é impossível, inclusive juridicamente, por causa do Estatuto, não podemos fazer isso e nem é a minha intenção. Hoje, esse Conselho que está aí é que vai eleger o próximo presidente dentro das regras atuais. O que quero fazer numa próxima mudança do Estatuto que vamos realizar é colocar a renovação do Conselho antes da eleição do presidente, ou seja, renovar o Conselho antes de eleger o próximo presidente. Já na eleição para o próximo presidente, mudar a regra agora, para que possamos fazer isso. Porque se fala muito que tenho muita força no Conselho, um amplo apoio do Conselho, e hoje, pelo estatuto atual, o Conselho elege o presidente e depois a gente renova o Conselho. O que proponho é que façamos a eleição do Conselho antes, renove o Conselho e depois faça a eleição para presidente em 2014.

BNews: As propostas do movimento Bahia da Torcida podem ser aproveitadas pela sua gestão?

MGF: Podemos aproveitar algumas das propostas, algumas, inclusive, já foram feitas nessa reforma atual. O sócio, por exemplo, vota com 12 meses apenas, quem se associar até dezembro, pode votar pra presidente na próxima eleição, mas podemos flexibilizar esse prazo se for do entendimento de todos. A partir desta semana, vai está no ar, o torcedor vai puder se associar como sócio patrimonial através do site, inclusive pagando com boleto e com cartão de crédito, é uma novidade que estávamos buscando implantar. Mantivemos a mensalidade para R$ 40,00, diante dos apelos dos torcedores não aumentamos para R$ 80,00. O Torcedor Oficial do Bahia (TOB) também vai puder se associar e pagar por boleto bancário, já são alguns facilitadores que conseguimos implantar.

BNews: O Torcedor Oficial do Bahia foi vendido para a Arena, sem o aval dos sócios, não acha que deveria ter tido uma assembleia para avaliar a comercialização do programa?

MGF: Na verdade usei uma palavrinha, “vender”, que gerou toda essa celeuma. Na verdade não vendemos o programa Torcedor Oficial do Bahia para a Arena Fonte Nova. Fizemos um acordo comercial repassando o direito da Arena de administrar o programa, mas o sócio do TOB continua sendo torcedor oficial do Bahia, o programa continua sendo de relacionamento com o clube, o que a Arena vai ter apenas a gestão operacional disso. Entendemos que como o torcedor vai usar a catraca da Arena, vai entrar na Arena, era importante que a Arena entendesse e fizesse essa gestão diretamente dos cartões, da entrada, do relacionamento com o torcedor, apenas isso. É uma coisa que acontece em todos os grandes clubes, todos têm uma empresa terceirizada que administra o programa. Usei uma palavra equivocada, não vendemos, repassamos a gestão operacional do programa.

BNews: O Torcedor Oficial que se tornar sócio patrimonial vai poder eleger o presidente?

MGF: Os que já eram torcedores oficiais até a reforma do Estatuto em janeiro, em torno de 5 a 6 mil, se quiserem já podem se tornar sócio patrimonial sem o pagamento da joia (taxa de adesão) e votar pra presidente na eleição que vem.

BNews: O que pensa sobre o processo de intervenção que envolve o Bahia?

MGF: Confio na Justiça, acho que se houver uma intervenção, vamos reverter a situação e vamos presidir o clube, porque tudo que fizemos dentro do processo eleitoral foi dentro das regras que existiam e que foram estabelecidas e entendemos que o direito está do nosso lado. Ainda assim, acredito que não vai acontecer porque o direito está do nosso lado e confiamos na imparcialidade da Justiça.

BNews: O nome do advogado Carlos Rátis surge como possível interventor no processo, você o conhece?

MGF: Não conheço, tenho algumas boas informações a seu respeito, que é uma pessoa séria, isenta. Se houver a intervenção e ele for o interventor, vamos buscar um diálogo para que o clube sofra o menos possível.

BNews: O senhor acha que a torcida cobra mais e acha que seu trabalho é uma continuidade por ser filho de um ex-presidente?

MGF: Pesa muito, o torcedor na hora da paixão, da derrota, que está triste, o torcedor traz isso de volta, essa coisa de eu ser filho de um ex-presidente, de ter pessoas que já foram presidentes que me apoiaram e me apoiam. O torcedor num momento de raiva não consegue entender que mesmo fazendo parte de um grupo político, eu possa pensar diferente, quando na verdade é isso que acontece. Tudo o que aconteceu no clube de bom ou de ruim foram decisões tomadas por mim, não foram decisões influenciadas por meu pai, que é ex-presidente, ou por qualquer outro ex-presidente que tenha um diálogo comigo. Tenho um diálogo com todos eles, mas procuro fazer o que está na minha cabeça, é melhor você errar ou acertar com suas opiniões do que depois sofrer algum revés e não ter decidido pela sua cabeça.

BNews: O senhor se considera um democrata? Há democracia no Bahia?

MGF: Acho que sim. Há democracia no Bahia. Há regras, que o torcedor de maneira geral quer ver uma abertura maior, mas o fato de me colocar a disposição pra isso, me colocar a disposição sempre pra dialogar e pra avançar, de ter feito uma reforma agora em janeiro, eu me considero um democrata. Agora não sou o dono da verdade, pode ser que esteja equivocado e que esteja errado nesse pensamento e tenho humildade para reconhecer isto. Pretendemos avançar mais ainda nessa discussão para atender o anseio do torcedor, mas no sentido de aceitar, de reconhecer que posso ter errado que não sou o dono da verdade. Coloco-me como uma pessoa que acredita na democracia.

BNews: Como avalia o relacionamento com o torcedor do Bahia, diante de tamanha rejeição?

MGF: O torcedor reage, diante dos insucessos que estamos tendo, naturalmente contra quem dirige o clube, que no momento sou eu. Se o clube for bem e se nos comunicarmos bem com os torcedores e tomarmos medidas que agradem a torcida, isso tudo muda. Torcedor não é contra A, B ou C, ele é favor de que o clube esteja bem, se o clube estiver mal, pode ter qualquer pessoa na presidência que o torcedor vai reagir da mesma maneira, vai protestar, vai criticar. Tenho certeza quando o torcedor está de cabeça fria, quando raciocina, reconhece os avanços que tivemos, mas quer sempre mais, que é o que eu também quero e também faço críticas à minha gestão e reconheço os erros que cometemos. É preciso ter humildade pra isso, mas entendo o torcedor, e acho que ele está no seu direito e na sua razão.

BNews: Como anda relacionamento com os patrocinadores e investidores com a crise no clube?

MGF: Não tem atrapalhado. Temos conversado muito com as pessoas que vivem o dia-a-dia do clube, que fazem suas críticas naturais, mesmo sendo investidores ou patrocinadores, mas compreendem o que estamos fazendo, sabem que a gente precisa avançar, mas não tem nenhum prejuízo para o clube.

BNews: Houve algum tipo de pressão por parte da Arena Fonte Nova, por conta da torcida não está comparecendo aos jogos?

MGF: Não, no sentindo de sair, renúncia, nada disso. Temos um diálogo muito bom com a Arena Fonte Nova e é óbvio que a Arena como parceira comercial não está satisfeita com o momento que estamos passando, mas temos conversando muito para achar soluções pra isso e temos encontrado apoio nesse sentido para acharmos alternativas para que o clube volte a ganhar, que é bom para o Bahia, é bom para a Arena comercialmente e tem que ser uma parceria de ganho a ganho.

BNews: O novo Centro de Treinamentos já tem previsão de conclusão?

MGF: No primeiro momento houve um atraso por conta das licenças ambientais e alvará de construção. Até porque foram alvarás de duas cidades, de Camaçari e Dias D’ávila. Depois houve uma demora por conta da grandiosidade da obra, por causa das chuvas. A construtora OAS já confirmou que até junho faz a entrega do Centro de Treinamentos oficialmente e até dezembro faremos a mudança com certeza absoluta.

BNews: Quais evoluções no Bahia sob seu comando?

MGF: A volta à Série A, o título baiano do ano passado, o avanço na estrutura do clube na parte de infraestrutura do Fazendão, a construção do novo CT é o maior legado que vamos deixar. A profissionalização do futebol, desde que cheguei, mesmo com os erros que cometemos. Não temos mais um departamento de futebol amador, temos pessoas que são profissionais do ramo trabalhando no departamento, é uma coisa que implantamos e vai ficar para outros presidentes que assumam. Agora tem muita coisa pra avançar, reestruturar o marketing, o departamento de futebol. Devolvemos ao torcedor do Bahia, o orgulho de ser tricolor, quando voltamos para a Série A e quando fomos campeões baianos. Por isso que quando fomos muito mal este ano, o torcedor se decepcionou muito, porque o torcedor quer muito mais.

BNews: O que pretende fazer nos próximos dias de forma emergencial para o Bahia sair da situação em que se encontra?

MGF: No futebol já mudamos com a contratação de Cristóvão e dessas pessoas para o departamento de futebol e esperamos trazer jogadores. Mesmo que não haja um acordo com a oposição, vou levar uma proposta para o Conselho Deliberativo para que possamos avançar mais ainda na reforma do Estatuto, pra que não haja reeleição pra presidente, apenas uma reeleição, que a gente coloque a eleição do Conselho antes da eleição de presidente, pra renovarmos o Conselho antes de renovar a presidência do clube em 2014, são pontos fundamentais. Além de outros pontos que possamos flexibilizar mais ainda o processo democrático dentro do clube para que o torcedor possa votar diretamente na escolha do Conselho e também da presidência.

BNews: Uma mensagem para o torcedor do Bahia que acesse o Bocão News.

Entendo a mágoa do torcedor, estou tão magoado quando ele, ninguém está mais chateado do que eu com a situação. Reconheço os erros que cometemos, com toda a humildade, digo que errei no departamento de futebol neste primeiro semestre, mas que estou animado com o futuro, trabalhando para que façamos um Brasileiro melhor do que fizemos nos dois últimos anos e que a gente reconstrua essa confiança que o torcedor teve na gente neste três últimos anos e que o torcedor lembre dos momentos bons que passamos na volta à Série A e no título baiano do ano passado, que vamos dá a volta por cima e vamos voltar a ter alegrias.

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