Postado por - Newton Duarte

Opinião: expectativa com forte elenco e vexames em casa minam Doriva

Doriva não resiste a derrota do Bahia para o Londrina, na Arena Fonte Nova, e é demitido. Clube tenta não repetir erros cometidos na Série B do ano passado

O que era para ser o trunfo de Doriva, também foi o seu calvário. Com um dos melhores elencos da Série B do Campeonato Brasileiro, senão o melhor, o treinador não conseguiu transformar a qualidade da equipe vista no papel em bom rendimento dentro de campo. E com um time altamente capaz de brigar pelo título da Série B e conquistar o acesso à Série A sem grandes dificuldades, chegar à 10ª rodada da competição a cinco pontos do líder Vasco, fora do G-4, sem apoio da torcida e com desempenho muito abaixo do esperado, foi a justificativa que a diretoria precisava parademitir o treinador após a derrota para o Londrina, na Arena Fonte Nova, no último sábado.

A queda de Doriva não foi inesperada. O técnico vinha em baixa bem antes do início da Série B do Campeonato Brasileiro. No início do ano, o treinador colecionou vexames e resultados ruins dentro de casa. O time foi eliminado nas semifinais da Copa do Nordeste para o Santa Cruz na Arena Fonte Nova, mesmo lugar em que, precocemente, deixou a Copa do Brasil, nesse caso para o América-MG. E o que falar da derrota por 6 a 1 para o Orlando City, no amistoso nos Estados Unidos, muito antes de tudo isso?

Por incrível que pareça, foi a perda do título do Campeonato Baiano, para o Vitória, que deu mais força a Doriva. Depois de ser derrotado para o maior rival no jogo de ida por 2 a 0, no Barradão, o Tricolor venceu por 1 a 0, no jogo de volta, na Fonte Nova. Embora tenha ficado sem o título estadual, o bom desempenho e a forma como a equipe se comportou dentro de campo deram sobrevida ao treinador.

Mas a boa imagem deixada no final do Campeonato Baiano não se manteve por muito tempo. Ainda mais depois que o Bahia encorpou o elenco com nomes de peso. Renato Cajá e Régis chegaram para a disputa da Série B e juntaram-se a outros jogadores de qualidade indiscutível e disputados por muitas equipes, inclusive da Série A, a exemplo de Hernane e Marcelo Lomba. Contudo, o desempenho do Bahia sempre esteve questionado. Quando conseguia bons resultados, como foi no início do campeonato, o time sofria desnecessariamente com as falhas nas finalizações. Quando melhorou as conclusões, não teve mais os resultados que queria.

Durante os jogos, Doriva também foi questionado na insistência com algumas peças e nas substituições. Lucas Fonseca ainda não justificou toda a confiança dada para ser titular, assim como João Paulo. Thiago Ribeiro, embora tenha melhorado de rendimento nos dois últimos jogos, não rendeu nem perto da expectativa gerada e sempre foi uma das primeiras opções do treinador. No momento em que precisou colocar, de fato, o dedo no time para mudar o panorama das partidas com as substituições, o treinador quase sempre repetiu as mudanças e, ao invés de melhorar, piorou o rendimento do time.

É claro que aproveitamento de Doriva no Bahia não foi ruim. Em 36 partidas oficiais, ele conquistou 23 triunfos, seis empates e sete derrotas. Na Série B, o time venceu cinco jogos, empatou dois e perdeu três. Mas, ainda assim, é pouco para o elenco que tem.

A diretoria do Bahia até tentou segurar Doriva, apostar no trabalho a longo prazo. O diretor de futebol do clube, Nei Pandolfo, chegou até a garantir a permanência do treinador após a derrota para o Londrina. Mas a direção mudou de ideia. Ainda mais com uma lembrança ruim de um passado não muito distante. Na disputa da Série B de 2015, o clube manteve Sérgio Soares, confiou no trabalho do técnico, mesmo com o time com sérios problemas dentro de campo. Mas não houve melhora. O treinador acabou demitido na reta final da competição e o Bahia não conseguiu reagir e conquistar o acesso. Memória que serviu de lição e que o clube espera não repetir.

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Fonte: Ge.com